26 de setembro de 2008

Viajando

De-me uma nova vida, nova face, novo humor.
Mude minha vista, minha sombra, meu sotaque.
Faça cair do meu queixo espessa barba
Tire minhas ânsias, compre minha fidelidade com promessas a longo prazo.
Não tente contrariar o céu, pois a chuva não se curva.
Sente-se comigo na grama, mas não tente entender as nuvens.
Caia no esquecimento e renasça em ouro e prata
Treine tiro faça amor
Limpe os ouvidos, dirija com cuidado.
Saia da frente, grampeie minha alma.
Seja negro, seja ariano.
Seja virgem e escorpiano
Seja leão e unicórnio
Seja valete e paus meu amor
Contente-se com o que a vida é
Pois isso nada mais é que vida
Florestas e vales, asfalto e cachoeira.
Dance, dance criança.
Sorria, sorria meu bem.
Deixe-me ir e não voltar.
Permanece igual
Nada que vai, volta da mesma maneira.
Faça-me ir com promessas tolas
Deixe-me iludi-lo com minhas promessas tolas
Dê voluptosa barba, grande força.
Faça amor faça torta.
Corte a pizza, estoure o balão.

25 de setembro de 2008

Hum

Claro que eu sou uma pessoa tendencialmente pessimista, mas tenho, como todas as pessoas tendencialmente pessimistas minha lista de motivos e provas irrefutáveis de que não sou assim a toa, afinal alguém em algum lugar no confuso e denso passado que faço questão de não comentar me magoou tanto e de tantas maneiras diferentes que não poderia ser culpada por desconfiar de cada partícula ao meu redor como se tudo que existe no mundo, apenas existisse com o propósito de aniquilar a minha digníssima pessoa de maneira fria e objetiva.
Mas as vezes eu penso nisso e vejo que não tem nada a ver. Que a verdade é que sou uma pessoa aparentemente forte e talvez até insensível, o que me ajuda muito, pois a verdadeira Stê é tão sensível que tem medo que as pessoas vejam isso, que ela não é a garotinha que ta sempre ali com seus conceitos estruturados e opiniões formadas a base de muita racionalidade, que tem mais amigos que amigas, que não demonstra qualquer reação tipicamente "feminina" diante de ninguém.
Isso ai, esta sou eu, pelo menos o que tento ser o tempo todo.
Problemas amorosos? A Stê tem a resposta objetiva pra você, aquela que tu não quer ouvir mas que é exatamente o que precisa.
Problemas pra entender o mundo? A Stê vai te dar uma explicação tão racionalizada de todas as coisas ao teu redor que você vai ver que tua duvida não é nada perto de todas as questões intermináveis que nos envolvem e que ela DDA passa tempo involuntário questionando.
Mas o que ela queria mesmo era que alguém entendesse ela como ela entende os outros, alguém que também pudesse ver objetivamente pelos problemas que ela tem e desse uma resposta objetiva. Que alguém fosse mais louco que ela e tivesse resposta pros questionamentos que ela tem.
Alguém pra falar definitivamente porque ela faz as coisas que faz, se não ninguém fazendo, porque ela quer tanto uma coisa e quando tem não quer mais.
Alguém que conseguisse ver e dizer, porque diabos ela quer tanto as coisas que ela não pode ter, e porque ela não pode ter essas coisas...
E porque ela ainda perde tempo pensando nisso...

16 de setembro de 2008

Relato

Vou contar uma coisa muito estranha que aconteceu comigo de madrugada.
Estava eu, no meu confortável sofá-cama novo, lendo entrevista com o vampiro antes de dormir, quando simplesmente parei de respirar... Não sei o motivo, puxava o ar com toda a minha força mas ele não vinha, sufocava lentamente pensando em todas as coisas que não fiz, pensando principalmente no meu namorado, que tantas vezes me falou nos momentos de raiva, quando consigo ser a pessoa mais insensível do mundo, que no dia que ele morrer não adianta ir lá ver ele, que devemos dar valor, amor, carinho pras pessoas enquanto elas estão vivas, aqui pra sentir esse amor. E pensando nisso, nos segundo que tive certeza que morreria, percebi que fui tão feliz com ele, que a única coisa que eu queria era poder dar um beijo de despedida e um abraço forte antes de partir. Foi algo tão intenso que quando o ar voltou o sono foi definitivamente expurgado do meu corpo, dando lugar a um sentimento estranho de culpa por tudo que andei fazendo de errado pra quem não merecia senão todo meu amor e dedicação, e aquela sensação de segunda chance, que te deixa ao mesmo tempo feliz e compenetrada na missão de ser uma pessoa diferente.
O que causou esse estranho fato não sei, nunca tive asma, nunca tinha acontecido.
Serviu pra me mostrar que o controle das coisas não está nas minhas indefinidas e pretensiosas mãozinhas, e que o valor das coisas realmente nos é mostrado quando temos a sensação de que nunca mais vamos te-las.
Bem hoje passei o dia todo tramando mimos pra ele, pensando em como vou fazer pra aproveitar todo o tempo que tiver com a pessoa que é, sem duvida, a mais importante.

7 de setembro de 2008

Sem disposição para títulos.

Todos vão morrer um dia, apesar de sabermos disso e de ser essa a única certeza absoluta que temos, não temos realmente entendimento de que talvez amanhã não estejamos aqui, aquele trabalho de direito penal não servirá pra nada, o amor platônico não vivido por medo não poderá mais acontecer, aquele beijo sonhado não se realizará mais, e o emprego depois da formatura se não haverá formatura...
É fato, e cruel, que seja um dos maiores medos nossa maior certeza, que tudo que fazemos na vida são planejamentos futuros quando não temos certeza nem do próximo segundo. Algo me diz que estamos fazendo tudo errado.
Algo me diz que essa incerteza do futuro deveria nos impulsionar a viver intensamente tudo que podemos, ao invés de nos amedrontar com exames preventivos e doenças mentais imaginárias.
Mas o que sei eu sobre a vida? Tenho ainda um resquício de sentimentalismo infantilóide, aquela sensação de que posso salvar o mundo das cáries, da fome, da miséria, da desigualdade social, mental, do especismo, do racismo, do sexismo... Quando na verdade tudo que sei fazer é brincar de super heroína.
Ghandi diz que devemos ser a mudança que queremos ver no mundo, e eu penso que esta sim, é uma lição a ser seguida, vivida e aplicada, deixemos o futuro pra depois.